Eunápolis 10 de abril de
2022
Querido Sam ,
Querida Rita e yubiry
O verão foi embora com
uma promessa de que as águas de março iriam transbordar para apagar o fogo do
sol, fechando e ao mesmo tempo abrindo uma nova estação. Nesse processo da natureza,
também nós, vamos aos nos recolhendo até chegar o inverno e, como um caracol, vamos
aos poucos nos fechando e fazendo um mergulho nessa água, e, já não seremos
mais os mesmos ao sair dela, como disse o pensador. “Ninguém pode entrar duas
vezes no mesmo rio de águas profundas”. Assim, somos convidados á contemplação
até que chegue o inverno e mergulharemos ainda mais profundo nesse rio que
somos. Com esses pensamentos abro a cortina do quarto e fico paralisada diante da explosão do sol pintando o céu com uma cor alaranjada, como se
ele todo e estivesse em chamas, em um contraste com um céu ainda
escuro tal qual as duas faces da moeda
que convivem em harmonia. Assim como o dia, vou também me refazendo e preparando
para a rotina e, ao mesmo tempo para as surpresas do dia e como aquele rio, sei
que já não seriei mais a mesma.
De par em par ,o céu vai se pitando de azul e as nuvens se vão se despedindo do fogo de outrora. Começo a minha rotina
diante da janela da minha área de trabalho diante de um sol ameno e meninos
indo para a escola, pessoas apressadas, carros e bicicletas, e, acima de cada
um, o grande bloco de nuvens e o sol incandescente. O dia passa, como as nuvens
levadas pelo o vento, como um escultor que refaz a sua obra por não ser exatamente
o que queria, assim como eu, que vou me
refazendo ao longo do dia. A noite cai sorrateiramente e novamente o céu é
tomado por gigantescos blocos de nuvens em chamas combinando a cor laranja com
o vermelho e o escuro da nuvem, como uma pintura de um artista apressado para
eternizar o momento. Ao deitar para
dormir, me pego pensando, como serei amanhã
ao sair do rio que assim como eu,
não será
mais o mesma.
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